Seg – Sex: 9:00 – 18:00

 - 
English
 - 
en
Portuguese
 - 
pt

Lesões do Cotovelo

Epicondilite

Cotovelo de tenista (Epicondilite)

O cotovelo de tenista ou epicondilite lateral é uma condição dolorosa do cotovelo causada por utilização excessiva. Não será uma surpresa que jogar ténis ou outros desportos com raquete possam dar origem a esta condição. No entanto, diversos desportos e atividades, para além das desportivas, podem colocá-lo em risco.
O cotovelo de tenista é uma inflamação ou, em alguns casos, uma microrrotura dos tendões que unem os músculos do antebraço na parte externa do cotovelo. Os músculos e tendões do antebraço ficam danificados devido ao uso excessivo – repetição dos mesmos movimentos repetidas vezes. Isto leva a dor e maior sensibilidade na parte exterior do cotovelo.
Existem muitas opções de tratamento para o cotovelo de tenista. Na maioria dos casos, o tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar. Médicos de cuidados primários, fisioterapeutas e em alguns casos cirurgiões, trabalham em conjunto para prestar os cuidados mais eficazes.

Anatomia

A articulação do cotovelo é uma articulação composta por três ossos: o osso do braço (úmero) e os dois ossos do antebraço (rádio e cúbito). Existem saliências ósseas na base do úmero chamadas epicôndilos, onde vários músculos do antebraço começam o seu percurso. A saliência óssea no exterior (lado lateral) do cotovelo denomina-se epicôndilo lateral.

O músculo e tendão extensor carpi radialis brevis (ECRB) está normalmente envolvido no cotovelo de tenista.

Reproduzido e adaptado a partir do “The Body Almanac”. © American Academy of Orthopaedic Surgeons, 2003.

[Legenda da Figura] Lateral Epicondyle = Epicôndilo Lateral; Olecranon = Olecrânio; Forearm muscles = Músculos do Antebraço; Ulma – Cúbito; Extensor Carpi Radialis Brevis (ECRB) = Extensor; Carpi Radialis Brevis (ECRB); Extensor Tendons= Tendões do Extensor; Humerus = Úmero.

Os músculos, ligamentos e tendões mantêm a fixação da articulação do cotovelo.A epicondilite lateral, ou cotovelo de tenista, envolve os músculos e tendões do antebraço que são responsáveis pela extensão do punho e dos dedos. Os músculos do antebraço permitem a extensão do punho e dos dedos, enquanto os tendões do antebraço — normalmente denominados extensores — ligam os músculos ao osso.  O tendão normalmente envolvido no cotovelo de tenista é o Extensor Carpi Radialis Brevis (ECRB).

Causas

Utilização excessiva

Estudos recentes mostram que o cotovelo de tenista se deve frequentemente a lesões de um músculo específico do antebraço. O músculo extensor carpi radialis brevis (ECRB) ajuda a estabilizar o punho quando o cotovelo está esticado. Isto ocorre por exemplo em alguns movimentos do ténis. Quando o ECRB fica enfraquecido devido a utilização excessiva, formam-se microrroturas no tendão, na zona em que se fixa ao epicôndilo lateral. Isto dá origem a inflamação e dor.O ECRB pode igualmente ter um risco mais elevado de lesões devido à sua posição. Quando se dobra e estica o cotovelo, o músculo roça em saliências ósseas, o que pode causar um desgaste gradual do músculo à medida que o tempo passa.

Atividades

Os atletas não são as únicas pessoas a sofrer de cotovelo de tenista. Muitas pessoas com cotovelo de tenista realizam atividades profissionais ou recreativas que requerem o uso repetitivo e vigoroso do músculo do antebraço ou a extensão repetitiva do punho e da mão.Os pintores, canalizadores e carpinteiros são particularmente propensos a desenvolver cotovelo de tenista. Estudos demonstram que os mecânicos de automóveis, cozinheiros e mesmo os talhantes sofrem com maior frequência de cotovelo de tenista do que o resto da população. Crê-se que a repetição e o levantamento de peso necessários nestas profissões podem conduzir a lesões.

Idade

A maioria das pessoas que apresentam cotovelo de tenista têm entre 30 e 50 anos, embora qualquer pessoa possa sofrer de cotovelo de tenista, caso os fatores de risco estejam presentes. Em desportos de raquete como o ténis, a desadequação da técnica ou do equipamento utilizados podem ser fatores de risco.

Causas Desconhecidas

A epicondilite lateral pode ocorrer sem qualquer lesão repetitiva conhecida. Esta ocorrência denomina-se “idiopática” ou por causas desconhecidas.

Sintomas

Os sintomas do cotovelo de tenista desenvolvem-se gradualmente. Na maioria dos casos a dor começa por ser ligeira, progredindo ao longo das semanas e meses. Normalmente não existe uma lesão específica associada ao início dos sintomas. Os sinais e sintomas mais comuns do cotovelo de tenista incluem:

  • Dor ou ardor na parte externa do cotovelo;
  • Perda de força de preensão;
  • Por vezes dor durante a noite.

Os sintomas pioram por vezes com a atividade do antebraço, como segurar uma raquete, rodar uma chave ou dar um aperto de mão. Normalmente o braço dominante é o mais afetado, não obstante, podem ser afetados ambos os braços.

Exame Médico

Ao realizar o diagnóstico o médico terá em consideração vários fatores. Alguns dos considerados são a forma como os sintomas se desenvolveram, a existência de riscos profissionais e a prática de desportos recreativos.

O médico falará consigo sobre as atividades que podem causar os sintomas e em que local do braço estes se manifestam. Não se esqueça de referir ao médico se alguma vez sofreu alguma lesão no cotovelo. Se tiver um historial de artrite reumatoide ou doença nervosa, informe igualmente o seu médico.

Durante o exame, o médico recorrerá a uma variedade de testes para chegar ao diagnóstico. Por exemplo, o médico pode pedir-lhe que tente endireitar o pulso e os dedos, aplicando resistência com o braço completamente esticado, para ver se isto causa dor. Se os testes forem positivos, isto indica ao médico que os músculos podem não estar saudáveis.

Durante o exame, o médico aplicará uma pressão suave no epicôndilo lateral, verificando a dor e a sensibilidade. 

Testes/Exames

O médico pode recomendar a realização de testes/exames adicionais para descartar outras causas para o seu problema.

  • Estes testes permitem obter uma imagem clara das estruturas densas, como os ossos. Podem ajudar a descartar a hipótese de artrite do cotovelo;
  • Ressonância Magnética (RM). A RM permite obter imagens dos tecidos moles do corpo, incluindo músculos e tendões. Pode ser solicitada uma RM para determinar a extensão dos danos do tendão ou para descartar outras lesões. Caso o médico considere que os sintomas apresentados podem estar relacionados com um problema no pescoço, pode pedir uma RM ao pescoço para verificar a possibilidade de existência de uma hérnia discal ou alterações artríticas no pescoço. Ambos os problemas podem dar origem a dor no braço;
  • Eletromiografia (EMG). O médico pode solicitar a realização de uma EMG para descartar a possibilidade de compressão de algum nervo. Muitos nervos passam pela zona do cotovelo e os sintomas de compressão são semelhantes aos do cotovelo de tenista.

Tratamento

Tratamento Não-Cirúrgico

Os tratamentos não-cirúrgicos têm sucesso em aproximadamente 80% a 95% dos doentes.

Repouso.
O primeiro passo para a recuperação é permitir o repouso adequado do braço. Isto significa que terá de suspender ou diminuir durante várias semanas a prática de desportos, tarefas profissionais pesadas e outras atividades que possam causar sintomas dolorosos.

Medicação.
Poderá ter de tomar acetaminofeno ou medicamentos anti-inflamatórios (como o ibuprofeno) para ajudar a reduzir a dor e o inchaço

Fisicoterapia.
Alguns exercícios específicos são úteis para fortalecer os músculos do antebraço. O seu fisioterapeuta pode também realizar tratamentos com ultrassons, massagem com gelo, ou técnicas de estimulação muscular para melhorar a recuperação muscular.

Exercício de alongamento do punho com o cotovelo esticado.

Braçadeira. A utilização de uma braçadeira centrada na parte de trás do antebraço pode ajudar igualmente a aliviar os sintomas do cotovelo de tenista. Isto pode reduzir os sintomas ao permitir o repouso dos músculos e tendões.

Braçadeira com suporte

Injeções de esteroides. Os esteroides, como a cortisona, são medicamentos anti-inflamatórios muito eficazes. O seu médico pode decidir aplicar na zona dolorosa à volta do epicôndilo lateral injeções de um esteroide, para aliviar os seus sintomas.

Plasma rico em plaquetas. O plasma rico em plaquetas (PRP) é um tratamento biológico concebido para melhorar o ambiente biológico do tecido. Isto implica a recolha de uma pequena amostra de sangue do braço e centrifugá-lo (girá-lo) para obter plaquetas da solução. As plaquetas são conhecidas pela sua elevada concentração de fatores de crescimento, que podem ser injetados na zona afetada. Apesar de alguns estudos sobre a eficácia das PRP terem sido inconclusivos, outros têm mostrado resultados promissores.

Pode ser administrada uma injeção de PRP para tratamento do cotovelo de tenista.
Cortesia do Dr. Allan K. Mishra, Menlo Park, CA.

Terapia extracorpórea por ondas de choque. A terapia por ondas de choque envia ondas de som para o cotovelo. Estas ondas de som criam um “microtrauma” que promove os processos naturais de cicatrização do corpo. A terapia por ondas de choque é considerada experimental por muitos médicos, mas algumas fontes demonstram que pode ser eficaz.

Verificação do Equipamento. Se praticar desportos com raquetes, o seu médico pode encorajá-lo a verificar o equipamento utilizado para ver se é adequado. As raquetes mais rígidas ou mais flexíveis podem frequentemente reduzir a pressão sobre o antebraço, o que significa que os músculos do antebraço não têm de fazer tanto esforço. Caso utilize uma raquete demasiado grande, mudar para uma mais pequena pode ajudar a prevenir o reaparecimento dos sintomas.

Tratamento Cirúrgico

Caso os seus sintomas não respondam após 6 a 12 meses de tratamentos não-cirúrgicos, o médico poderá recomendar a cirurgia.
A maioria dos procedimentos cirúrgicos para o cotovelo de tenista envolve a remoção do músculo danificado e a fixação de novo músculo saudável ao osso.

A abordagem cirúrgica para o seu caso dependerá de uma série de fatores. Estes incluem a extensão da lesão, o seu estado de saúde geral e as suas necessidades pessoais. Fale com o seu médico sobre as opções. Discuta os resultados obtidos pelo seu médico e quaisquer riscos associados a cada procedimento.

Cirurgia aberta.
A abordagem mais comum à reparação do cotovelo de tenista é a cirurgia aberta. Isto implica fazer uma incisão acima do cotovelo.

A cirurgia aberta é geralmente realizada em regime ambulatório. Raramente requer a pernoita no hospital.

Cirurgia Artroscópica. O cotovelo de tenista pode ser reparado igualmente através da utilização de instrumentos em miniatura e pequenas incisões. Tal como a cirurgia aberta, trata-se de um procedimento que não requer internamento, sendo realizado em consulta externa e saindo o doente no próprio dia.

Riscos da Cirurgia. Tal como em todas as cirurgias, existem riscos associados à cirurgia do cotovelo de tenista. Os aspetos mais comuns a considerar incluem:

  • Infeção;
  • Danos nos nervos e vasos sanguíneos;
  • Possível reabilitação prolongada;
  • Perda de força;
  • Perda de flexibilidade;
  • Necessidade de nova cirurgia.

Reabilitação. Após a cirurgia, o braço pode ter de ser imobilizado temporariamente com uma tala. Cerca de 1 semana mais tarde, as suturas e a tala podem ser removidas.

Após a remoção da tala, iniciam-se exercícios para alongar o cotovelo e recuperar a flexibilidade. Cerca de 2 meses após a cirurgia iniciam-se exercício leves e graduais de fortalecimento.

O seu médico irá indicar-lhe quando pode regressar à atividade desportiva, normalmente 4 a 6 meses após a cirurgia. Considera-se que a cirurgia do cotovelo de tenista tem sucesso em 80% a 90% dos doentes. Não obstante, é comum verificar-se alguma perda de força.