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Lesões do Ombro

Tendinite Calcificante

Instabilidade do ombro, o que é?

O ombro é a articulação com maior mobilidade no corpo humano. Permite o maior arco de movimento de todas as articulações, mas também tem uma força extraordinária que permite o posicionamento da mão no espaço, para que possamos realizar tarefas e movimentos mais amplos.

É a sua força e possibilidade de movimentação que faz com que esta articulação seja tão suscetível a lesões. 

A instabilidade do ombro é um dos problemas mais comuns nos doentes jovens desportistas.

Trata-se de uma situação que ocorre quando os ligamentos, músculos e tendões do ombro deixam de funcionar em conjunto de forma síncrona para manter a cabeça do úmero na cavidade da omoplata, a glenoide.

Quando tal acontece, a cabeça umeral (em forma de bola) sai literalmente da glenoide (a cavidade), daí resultando a sensação de instabilidade do ombro.

Tipos de instabilidade do ombro

Quando ocorre a instabilidade do ombro, os ossos do ombro movem-se para além da posição natural que deveriam ter e a cabeça umeral desliza ou “salta” do lugar.

Existem dois graus de instabilidade do ombro, que até por vezes se sobrepõem – um é a luxação do ombro, quando a cabeça sai completamente da cavidade e o outro é uma subluxação do ombro, quando a cabeça sai parcialmente e torna a reentrar no seu lugar.

Quando o ombro fica preso numa luxação completa, torna-se normalmente doloroso e difícil de mover.

Quando a articulação desliza completamente para fora do lugar (luxação), pode reduzir-se (voltar a reentrar) espontaneamente, ou pode ser necessária uma ida ao serviço de urgência para que a articulação seja recolocada no devido lugar por um profissional de saúde.

Com uma subluxação do ombro, existe normalmente uma sensação temporária de que a articulação está fora do sítio, ou que deslizou, mas é habitual ela reduzir-se espontaneamente.

A maior parte das pessoas com uma subluxação do ombro consegue fazer com que a articulação volte à posição anatómica e tratar a dor com analgésicos.

Os doentes podem apresentar instabilidade do ombro em diferentes direções – a anterior (parte frontal do ombro) é a mais comum.

Outras variantes são a instabilidade posterior (parte de trás do ombro) e multidirecional.

Causas

Os atletas que praticam desportos com contacto e colisão, como o rugby, futebol americano, judo, Jiu Jitsu, são os que apresentam risco mais elevado de luxação do ombro, sendo igualmente os que correm maiores riscos de recorrência da instabilidade após ter ocorrido a primeira luxação.

Quando um atleta sofre uma pancada ou contusão diretamente no ombro, pode ocorrer lesão intra articular. Se o trauma for suficientemente grave, os ligamentos e uma estrutura denominada labrum podem sofrer uma lesão.

Sem o tratamento adequado, um indivíduo pode continuar a sentir sintomas recorrentes de instabilidade do ombro, dor e fraqueza durante meses ou anos após a lesão.

Episódios subsequentes de instabilidade podem causar danos adicionais à cartilagem, ligamentos e osso.

Assim, é importante ser avaliado e tratado assim que possível para não dar origem a danos adicionais à articulação.

Caso não seja adequadamente tratado e o ombro continue a deslocar-se, podem ocorrer sequelas tardias como artrose secundaria.

Algumas pessoas com instabilidade do ombro podem, na realidade, nunca deslocar completamente o ombro, mas terem apenas subluxações recorrentes. Muitas vezes estes indivíduos têm simplesmente ligamentos mais elásticos – hiperlaxidão.

O uso excessivo e atividades que envolvem movimentos repetitivos podem esticar a cápsula e os ligamentos que estabilizam o ombro, originando sintomas de instabilidade do ombro.

Os atletas que praticam movimentos repetitivos acima da cabeça, como atirar uma bola de basebol, jogadores de Voleibol, Andebol , natação ou Ténis, têm um risco acrescido de desenvolver este tipo de padrão de instabilidade do ombro.

Finalmente, alguns doentes têm uma propensão genética maior para desenvolver instabilidade do ombro e luxações do ombro porque nasceram com ligamentos mais laxos, devido à existência de colagénio elástico ou outros tipos de perturbações do tecido conjuntivo.

Tratamento

Alguns indivíduos podem sofrer lesões e conviver com a instabilidade, enquanto outros podem necessitar de cirurgia após uma única luxação. Tudo depende da idade do doente, dos desportos que praticam e dos padrões da lesão.

A instabilidade do ombro é uma condição muito comum que pode ser tratada de forma eficaz e previsível na vasta maioria de doentes e atletas. No entanto, o diagnóstico e cirurgia adequados são essenciais para um resultado ótimo.

Existem vários tipos diferentes de instabilidade do ombro e procedimentos para a tratar.

É comum encontrarmos doentes que sofreram uma lesão traumática que dá origem a subluxações recorrentes do ombro e que convivem com os incómodos sintomas durante anos, seja porque não é demasiado grave, ou porque não foram diagnosticados.

Estes indivíduos dependem de medicamentos para aliviar as dores ligeiras que sentem no ombro. Em alguns casos, uma segunda lesão pode levar a um ombro altamente instável e necessitar de cirurgia para o estabilizar.

Existem hoje em dia novas opções cirúrgicas para doentes com instabilidade minor e/ou grave do ombro. A cirurgia artroscópica é uma das opções de tratamento mais comum e mais eficaz. São feitos pequenos orifícios na pele e são utilizados instrumentos de pequena dimensão para reparar a articulação do ombro.

O procedimento mais comum denomina-se reparação artroscópica de Bankart, que consiste na reparação do labrum rasgado e retensionamento dos ligamentos. Por vezes existem outros danos e é efetuada uma capsuloplastia artroscópica. Isto é utilizado em lesões que apresentem instabilidade mais intrincada e complicada.

É realizado igualmente de forma artroscópica e envolve a reparação da fixação dos ligamentos danificados à articulação através de implantes especiais denominados âncoras de sutura. Estas âncoras são utilizadas para relocalizar, segurar e permitir a cicatrização das articulações danificadas.

Por vezes o procedimento é feito por via posterior (pela parte de trás), denominando-se capsuloplastia posterior. Noutros casos, quando a luxação do ombro tem lugar em múltiplas direções (instabilidade multidirecional) a cápsula é fixada na parte frontal, posterior e inferior, um procedimento denominado capsuloplastia múltipla.

Em alguns casos, em que existe perda óssea no glenoide, a cavidade tem de ser reconstruída. Em casos deste tipo, pode ser usada uma técnica que desenvolvida em França há vários anos, conhecida como procedimento de Latarjet.

Após a realização da cirurgia e reabilitação do ombro, a maior parte dos doentes pode retomar as suas atividades normais sem receio ou ansiedade de que se venha a manifestar novamente instabilidade ou luxação. A recuperação leva habitualmente entre 4 a 6 meses.

Operação de Bankart, o que é?

A operação de Bankart, também conhecida como cirurgia de reconstrução do complexo capsulolabral, é a cirurgia mais comum em doentes com instabilidade crónica. Este procedimento é realizado por via artroscópica. Se o problema se dever efetivamente a rotura da inserção na omoplata do ligamento glenohumeral inferior, pode realizar-se a técnica de Bankart para reparar este ligamento.

Por artroscopia, o labrum danificado é reparado e a cápsula anterior do ombro tensionada é colocada sobre o bordo antero inferior da glenoide para reduzir a sua dimensão. Este procedimento tem uma taxa de sucesso de cerca de 95% na eliminação de luxações recorrentes.

O Dr. André Barros desenvolveu uma técnica inovadora, premiada num congresso europeu, que permite uma reabilitação mais precoce e uma taxa de recidiva mínima.

Após cirurgia de operação de Bankart

Após ter sido submetido a reparação artroscópica ou por cirurgia aberta e estabilização, o doente deverá usar uma suspensão braquial durante cerca de 3 semanas para que o labrum reparado possa ficar completamente cicatrizado à glenoide. As suturas ajudam neste processo de cicatrização. Recomendam-se as seguintes orientações:

  • Aplique gelo na zona de incisão para ajudar a combater a dor; proteja a pele com um pano fino para evitar queimaduras na pele;
  • Use a sua suspensão braquial ou suporte até que o Dr. Andre Barros indique especificamente que a pode retirar. Pode remover a suspensão para se vestir ou tomar banho, mas tenha cuidado para não mover o braço;
  • Mantenha sempre o braço imóvel;
  • Serão prescritos medicamentos analgésicos. Deverá tomá-los conforme prescrito e seguir as precauções enumeradas consoante o medicamento;
  • Siga as instruções de cuidado com a zona de incisão que lhe serão comunicadas após a cirurgia;
  • Caso sinta dor excessiva, inchaço, náuseas, febre, formigueiro ou dificuldades respiratórias, contacte-nos imediatamente;
  • Deve iniciar fisioterapia, habitualmente apos a terceira semana, conforme orientação do Dr. André Barros;
  • Desportos que exijam elevar os braços acima da cabeça podem ser retomados cerca de 3 meses após a cirurgia;
  • Os doentes podem retomar a prática de desportos de contacto após 6 meses.

Operação de Latarjet, o que é ?

O procedimento Latarjet é o método preferencial para o tratamento da instabilidade recorrente do ombro com perdas osseas associadas. Este tratamento pode ser realizado como cirurgia aberta ou por técnica artroscópica. Os doentes submetidos a este tratamento apresentam tipicamente uma deficiência óssea significativa na parte frontal da região glenoide, de 20% ou mais. As causas mais comuns desta deficiência devem-se a deformação congénita, trauma ou luxação recorrente. Existem três efeitos principais que criam estabilidade através deste procedimento. Primeiro, a transferência da apófise coracoide restaura a superfície da glenoide, mantendo a sua dimensão normal e aumentando a superfície de contacto articular

Segundo, ao baixar a subescapular inferior e a cápsula antero-interior, o tendão conjugado proporciona estabilidade dinâmica quando o braço é abduzido e rodado para fora. Por último, a cápsula é reinserida no enxerto ósseo pela parte de baixo, aumentando assim a estabilidade. Este procedimento tem uma taxa de sucesso aproximada de 80-95% na eliminação da instabilidade e luxações recorrentes do ombro.

Após procedimento de Latarjet

Previamente ao procedimento de Latarjet será utilizado um bloqueio do plexo braquial. Isto permite que o ombro e o braço fiquem completamente insensibilizados durante e imediatamente após o procedimento. Tipicamente esta falta de sensibilidade na zona prolonga-se entre 12 e 14 horas. Após passar o efeito do bloqueador dos nervos, poderá começar a sentir desconforto e dor. O doente deverá usar uma suspensão braquial durante cerca de 4 semanas, para que a zona possa cicatrizar sobre o glenoide.

Recomendam-se as seguintes orientações:

  • Siga as instruções de cuidado com a zona de incisão que lhe serão comunicadas após a cirurgia;
  • Aplique gelo na zona de incisão para ajudar a aliviar a dor e o inchaço; proteja a pele com um pano fino para evitar queimaduras;
  • Use a sua suspensão braquial ou suporte até que o Dr. Andre Barros indique especificamente que a pode retirar. Pode remover a suspensão para se vestir ou tomar banho, mas tenha cuidado para não mover o braço;
  • Mantenha o braço imobilizado e estabilizado com a suspensão braquial enquanto estiver a dormir;
  • Serão prescritos medicamentos analgésicos para gerir a dor. Deve tomá-los na dose prescrita e seguir as precauções enumeradas consoante o medicamento;
  • Caso sinta dor excessiva, inchaço, náuseas, febre, formigueiro ou dificuldades respiratórias, contacte-nos imediatamente;
  • Não poderá conduzir ou operar máquinas pesadas durante um mínimo de 8 semanas. O Dr. André Barros indicará especificamente quando poderá voltar a conduzir;
  • A fisioterapia, conforme orientações pelo seu cirurgião, terá início aproximadamente 4 semanas após a cirurgia até que seja integralmente recuperada a força;
  • Desportos que exijam elevar os braços acima da cabeça podem ser retomados cerca de 3 meses após a cirurgia;
  • Os doentes podem retomar a prática de desportos de contacto após 6 meses.
    Reabilitação após cirurgia de Latarjet

    As orientações de reabilitação podem variar de acordo com a extensão da sua lesão e a cirurgia. Tratam-se de protocolos simples para todos os doentes que foram submetidos a cirurgia Latarjet. O Dr. André Barros irá fornecer-lhe estas orientações apos a cirurgia.